
A menina estava sentada no terceiro batente da escadinha de ferro. Não lembrava mesmo o motivo de ali estar; estava ,apenas. Olhou para o céu: uma nuvem- mais ou menos grande, mais ou menos pequena- passeava devagar de um lado para o outro.
O vento bateu no rosto da menina. Na verdade, nem vento era. Era só uma brisa, leve, cheirosa e quieta. Quieta também estava a menina. Tinha os olhos brilhando agora. Talvez esteja lembrando de alguma coisa boa que acontecera antes desse silêncio surdo.
-Nada. -falou baixo.
O brilho dos olhos era uma lágrima nascendo. Queria chorar, mas não podia. Buscava-se forte, mas encontrara-se fraca. Caíram duas, três, quatro e formava-se um rio de lágrimas.
Passou as mãos pelo rosto enxarcado, limpou devagar. Olhava para as pessoas que por ali passavam. Fixou o olhar, de modo que uma ruguinha de leve apareceu na testa. Viu que cada pessoa trazia consigo seu carma, então por qual motivo arranjar outro? Cada um trazia preocupação estampada no semblante, e trazia também o smeblante de quem estava à procura da solução de seu problema.
Um cachorro sentou-se à sua frente, ficou a encará-la. A menina ficou parada, não sentia nada, apenas ficou olhando aquele bicho peludo que não sabia falar e também não se esforçava para latir.
-Quando ele latir... -pensou consigo.
Latiu.
Ela apanhou a bolsa que estava ao lado. Levantou-se e saiu. Deixou para trás todos os problemas.
Texto premiado pela X Exposição de Poesias do Colégio 7 de Setembro. (EXPO7-nov/2009)
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