Nos últimos vinte e quatro meses ou, pra ser mais específica, nos últimos dois anos, nada escrevi de tão interessante. Mas muita coisa mudou de lá pra cá, muita mesmo. Tudo muito diferente. Hoje eu quero mudar ainda mais. Cheguei à conclusão que quero fugir daquilo que fui nos últimos dois anos. Resolvi parar pra pensar e decidir por onde começar. Resolvi começar a reescrever.
Olhei pros lados, achei uma caneta e um papel, rabisquei qualquer coisa. Nada de estranho nisso, pelo menos eu acho. Até o minuto que me peguei escrevendo teu nome em letras altas. Como assim? Teu nome em letras bonitas e bem desenhadas. Não, deve ter havido algum engano nisso aqui. Abri Vinícius, me abstive de tudo. Lembrei de você. Apenas de você.
O desespero quando bate é pior do que paixão que passa despercebida. Sei lá o que me deu. Fechei o livro sem a menor vontade. Abri de novo. Reli tudo, do meio pro fim, do fim pro começo. Escondi estrofes, saltei versos reorganizei-os da outra forma e nada. Só me vinha você. Levantei e sentei um milhão e meio de vezes, nada. Vinicius continuava a encarar-me, projetando todo seu fascínio sobre mim, e eu lembrava de você, e essa lembrança me fascinava. Enlouqueci, só pode.
Comecei a me acostumar com tal loucura e um risinho abriu-se no coração de pedra da prezada aqui. Lembrança feliz, de uma conversa qualquer que tivemos, lembrança daquilo que nem é mas que, de verdade, já foi; uma vontade de sair voando, essa é a sensação verdadeira que tive: a impressão de que poderia voar. E poderia mesmo,não duvido disso.
O fato é que até agora não sei o que me deu, talvez o coração tenha descongelado e esteja pedindo pra sair daquela câmara gelada que se escondeu do mundo durante dois anos. Enfim, lembrei de você hoje, só queria que soubesse.
[terça-feira,04/08/09; por Jéssica Cohen♥]
Soneto da Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Vinicius de Moraes)
Olhei pros lados, achei uma caneta e um papel, rabisquei qualquer coisa. Nada de estranho nisso, pelo menos eu acho. Até o minuto que me peguei escrevendo teu nome em letras altas. Como assim? Teu nome em letras bonitas e bem desenhadas. Não, deve ter havido algum engano nisso aqui. Abri Vinícius, me abstive de tudo. Lembrei de você. Apenas de você.
O desespero quando bate é pior do que paixão que passa despercebida. Sei lá o que me deu. Fechei o livro sem a menor vontade. Abri de novo. Reli tudo, do meio pro fim, do fim pro começo. Escondi estrofes, saltei versos reorganizei-os da outra forma e nada. Só me vinha você. Levantei e sentei um milhão e meio de vezes, nada. Vinicius continuava a encarar-me, projetando todo seu fascínio sobre mim, e eu lembrava de você, e essa lembrança me fascinava. Enlouqueci, só pode.
Comecei a me acostumar com tal loucura e um risinho abriu-se no coração de pedra da prezada aqui. Lembrança feliz, de uma conversa qualquer que tivemos, lembrança daquilo que nem é mas que, de verdade, já foi; uma vontade de sair voando, essa é a sensação verdadeira que tive: a impressão de que poderia voar. E poderia mesmo,não duvido disso.
O fato é que até agora não sei o que me deu, talvez o coração tenha descongelado e esteja pedindo pra sair daquela câmara gelada que se escondeu do mundo durante dois anos. Enfim, lembrei de você hoje, só queria que soubesse.
[terça-feira,04/08/09; por Jéssica Cohen♥]
Soneto da Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Vinicius de Moraes)
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